segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Cazuza - Ideologia

Ideologia

Cazuza
Composição: Cazuza / Frejat

Meu partido
É um coração partido
E as ilusões
Estão todas perdidas
Os meus sonhos
Foram todos vendidos
Tão barato
Que eu nem acredito
Ah! eu nem acredito...

Que aquele garoto
Que ia mudar o mundo
Mudar o mundo
Frequenta agora
As festas do "Grand Monde"...

Meus heróis
Morreram de overdose
Meus inimigos
Estão no poder
Ideologia!
Eu quero uma pra viver
Ideologia!
Eu quero uma pra viver...

O meu prazer
Agora é risco de vida
Meu sex and drugs
Não tem nenhum rock 'n' roll
Eu vou pagar
A conta do analista
Pra nunca mais
Ter que saber
Quem eu sou
Ah! saber quem eu sou..

Pois aquele garoto
Que ia mudar o mundo
Mudar o mundo
Agora assiste a tudo
Em cima do muro
Em cima do muro...

Meus heróis
Morreram de overdose
Meus inimigos
Estão no poder
Ideologia!
Eu quero uma pra viver
Ideologia!
Pra viver...

Pois aquele garoto
Que ia mudar o mundo
Mudar o mundo
Agora assiste a tudo
Em cima do muro
Em cima do muro...

Meus heróis
Morreram de overdose
Meus inimigos
Estão no poder
Ideologia!
Eu quero uma pra viver
Ideologia!
Eu quero uma pra viver..
Ideologia!
Pra viver
Ideologia!
Eu quero uma pra viver...

Comentário sobre a música

Meu partido / É um coração partido – desilusão com a realidade política, principalmente após a abertura política. A esperança dele acabou tornando-se uma decepção.

E as ilusões / Estão todas perdidas – confirmando a desilusão com a política

Os meus sonhos/Foram todos vendidos – Aqui eu acho que é a sinalização de que o socialismo, a busca de igualdade social estava fazendo água, abrindo espaço para o capitalismo.

Tão barato/Que eu nem acredito/Ah! eu nem acredito… – Confirma a frase acima.

Que aquele garoto/Que ia mudar o mundo/Mudar o mundo/Frequenta agora/As festas do “Grand Monde”… – aqui acho que é um trecho autobiográfico no qual ele deixou de ser um roqueiro com sonho de mobilizar multidões pela música para se tornar mais um baladado, uma celebridade (naquela época nem era usada essa palavra)

Meus heróis/Morreram de overdose – Imagino que Janis, Jimi Hendrix…
Meus inimigos/Estão no poder – coronéis, conservadores…

Ideologia!/Eu quero uma prá viver/Ideologia!/Eu quero uma prá viver… – Uma espécie de socorro.

O meu prazer/Agora é risco de vida – sexo (aids)
Meu sex and drugs/Não tem nenhum rock ‘n’ roll – não tem mais graça
Eu vou pagar/A conta do analista/Prá nunca mais/Ter que saber/Quem eu sou/Ah! saber quem eu sou..- Não quer mais saber do que sente ou dos anseios, entregando os pontos.

Classe Dominante - Karl Marx

A sociedade capitalista possui uma tendência em universalizar seus pensamentos segundo o interesse da classe dominante, nesse sentido, Marx delimita de forma concreta o seguinte pensamento.

“Os pensamentos da classe dominante são também, em todas as épocas, os pensamentos dominantes, ou seja, a classe que tem o poder material dominante numa sociedade é também a potência dominante espiritual. A classe que dispõe dos meios de produção material dispõe igualmente dos meios de produção intelectual; de tal modo que o pensamento daqueles a quem é recusado os meios de produção intelectual está submetido igualmente à classe dominante. Os pensamentos dominantes são apenas a expressão ideal das relações materiais dominantes concebidas sob a forma de idéias e, portanto, a expressão das relações que fazem de uma classe a classe dominante; dizendo de outro modo, são as idéias e, portanto, a expressão das relações que fazem de uma classe a classe dominante; dizendo de outro modo, são as idéias do seu domínio”. (Marx, 1976: 55 e 56)

Esses argumentos auxiliam no estudo dos parques temáticos e sua ideologia, que de infantil não tem nada, mas sim, demonstra uma estrutura composta de suaves elementos doutrinadores que são expressos por meio do lúdico, o fantástico, o irreal, o ilusório e o pior de todos o idiotizante. A realidade é a marcada pela falsidade e trabalha no campo do fetiche.

Outro ponto deverás interessante é a noção de padronização, um desrespeito total às particularidades em que uma imensa força centrifuga nos coloca diante da globalização que o Lênin chamou de imperialismo. E Marx assim se refere:

“Criou por todo lado as mesmas relações entre as classes da sociedade, destruindo por isso o caráter particular das diferentes nacionalidades. E finalmente, enquanto a burguesia de cada nação conserva ainda interesses nacionais particulares, a grande burguesia surge com uma classe cujos interesses são os mesmos em todas as nações e para qual a nacionalidade deixa de existir; esta classe desembaraça-se verdadeiramente do mundo antigo e entra simultaneamente em oposição com ele”. ( Marx, 1976: 75).

Ideologia

Ideologia é um termo que possui diferentes significados e duas concepções: a neutra e a crítica. No senso comum o termo ideologia é sinônimo ao termo ideário (em português), contendo o sentido neutro de conjunto de ideias, de pensamentos, de doutrinas ou de visões de mundo de um indivíduo ou de um grupo, orientado para suas ações sociais e, principalmente, políticas. Para autores que utilizam o termo sob uma concepção crítica, ideologia pode ser considerado um instrumento de dominação que age por meio de convencimento (persuasão ou dissuasão, mas não por meio da força física) de forma prescritiva, alienando a consciência humana.

Ideologia -> Augusto Comte e Karl Marx

Para Comte, a humanidade tende a passar por três fases: a fase fetichista ou teológica em que o homem explica a realidade por meio do mover divino; a fase metafísica em que o homem explica a realidade através de princípios gerais e abstratos; e a fase positiva ou cientifica em que o homem contempla a realidade, a analisa, formula leis gerais e cria uma ciência social que servirá de base para o comportamento individual e coletivo. Cada uma dessas explicações para os fenômenos naturais e humanos compõe uma teoria, ou melhor, uma ideologia.

Logo após Comte, o livro começa a explicar Karl Marx e a sua visão em relação à existência da ideologia nas diferentes sociedades. Marx acredita que a ideologia se utiliza de inúmeros meios para alienar o povo, como por exemplo, através do Estado. Para o povo, este seria a representação do interesse geral, mas, na verdade, ele é a expressão das vontades e interesses da classe dominante da sociedade. Outro exemplo de ideologia seria apresentar a sociedade civil como um indivíduo coletivo, pois através disso ocultaria a realidade da sociedade que é comprimida pela luta de classes.

A ideologia durante toda a historia serviu de instrumento de dominação, mascarando a realidade social e ocultando a verdade dos dominados. A ideologia serve para legitimar a dominação econômica, social e política. O seu papel é criar na mente das pessoas uma idéia de que todo fenômeno que acontece no mundo é algo natural e que não existe uma razão lógica para isso.

-> Destutt de Tracy

ideologia segundo Destutt de Tracy, é: “ o estudo científico das idéias e as idéias são o resultado da interação entre o organismo vivo e a natureza, o meio ambiente. É portanto, um sub capítulo da zoologia, que estuda o comportamento dos organismos vivos......”

Mais tarde Tracy entrou em conflito com Napoleão, que em seu discurso atacava Tracy e seus amigos, os chamando de ideólogos. Para Napoleão, essa palavra já tem sentido diferente:

Os ideólogos são metafísicos, que fazem abstração da realidade, que vivem em um mundo especulativo.